2017-01-13

MEMÓRIAS DE UMA SOCIAL-IDEALISTA


PARTE 1

Os fatos recentes no mundo, vêm como avalanche e de roldão desatinam-me em meus ideais e sentidos. O que assistimos em nossa micro sociedade é um pequeno efeito dentro de uma nuvem de causas que inundam a humanidade nesse momento histórico.

A transição OBAMA-TRUMP. O funeral de Mário Soares. O resultado das urnas. O Brexit. A crise. Mais uma guerra insana (todas são!). Refugiados. Bombas e mais bombas. O nazi-fascismo crescente na Europa. O populismo. O racismo. A xenofobia. O genocídio... e, para envolver todo o contexto mundial, a ameaça constante das 4 forças Ditatoriais do Poder: a de Extrema Direita, a de Extrema Esquerda, a Militar e a Fundamentalista.

Afinal, como se pode ser alguém nesse mundo tão confuso,  tão corrupto, tão amoral e tão individualista? Como permanecer como testemunha silenciosa da ação do Poder financeiro e político, manipulando as massas pela ignorância? Essas massas são compostas por individualidades de todas as cores e nacionalidades que, ao redor do mundo, sentem-se  cansadas de serem serem tratados como efeito colateral, cansadas de lutar contra a opressão -  sai um usurpador e vem outro igual ou supostamente pior (as feridas permanecem no seio da sociedade, só mudam as moscas... E não adianta espantá-las sem eliminar a fonte do caos, pois elas sempre retornam).

E é diante de tudo isso que eu me pergunto: O QUE SOU? E não é  tão simples de se responder, pois não se trata do meu estado civil, formação, profissão,  idade, raça, credo, nacionalidade... a pergunta que faço a mim mesma é:  O QUE SOU como ser social, como ser político, que pensa, que tem opiniões (e que quase sempre não são ouvidas) dentro do contexto atual???


Eu Sou Socialista (isto, apesar do mundo tentar minar minhas forças).

Eu sou Social-idealista (isto, apesar da minha idade).

Por que sou socialista? O que é ser Social-idealista?

Sou Socialista e idealista, porque amo História. Apesar da história ser escrita pelos vencedores diz-se que o tempo é o Melhor Juiz, e o tempo não permite que a ignorância domine a sociedade eternamente. A manipulação tem tempo limitado para durar, até que a verdade se imponha acima de todos os sistemas.

Mas não comparemos o ser socialista da atualidade neste início do Séc. 21. Aliás há várias veias de socialismo centro-esquerda; de centro; e de centro-direita; populista e «oba-oba».

Não,  não.

Minha identificação são com os postulados  do ser socialista presente na Revolução dos Cravos em 1974;  nas personalidades políticas como Mário Soares e François Mitterrand.

Sou Social-idealista ao me identificar nos movimentos que varreram o planeta durante a década de 60, mais precisamente em 1968. Nesse fato, muitas vezes acho que nasci 10 anos mais tarde; outras penso que poderia não mais estar aqui, desaparecida nos corredores da tortura, uma incógnita merecidamente desconhecida... impossível de se tirar qualquer conclusão disso. 

As conclusões a que chego, baseiam-se tão somente no idealismo que corre pelas minhas veias emocionais, a crença num conceito de democracia como um governo bom «... que procura o bem estar da comunidade e não apenas o seu» (Aristóteles). Pelo menos é o que deveria ser.

O ser humano é um animal social; é um animal político! Aristóteles, filósofo grego do Séc. IV A.C., considerava a democracia como uma forma de governo má porque, para ele, "o poder, estando nas mãos dos carentes, não atenderia aos interesses dos ricos". Ironia tragicômica... Bem, se ele estivesse aqui para reavaliar seus conceitos, certamente ele diria que é uma forma de governo má exatamente pelo argumento oposto, o de que os ricos não atendem aos interesses dos carentes...

Por fim, Aristóteles admitiu que a democracia seria a menos pior de todas as outras formas políticas inventadas até aquele momento. Seu legado é inegável para a humanidade, entretanto, não foi um modelo de virtude e de sabedoria para se seguir sem usar a razão e da lógica - era precisamente um homem do seu tempo: era escravagista (para ele, uns nascem para a sujeição e outros para o mando), racista ( defendia que os escravos são de raça inferior, com menos espírito), machista (a mulher é inferior ao homem), e xenófobo (não há como haver igualdade na sociedade, os inferiores devem ser  governados pelos superiores). 

A história nos ensina pela reflexão dos fatos, os atos e consequências, as causas e efeitos... Na minha modesta e parcial opinião, e na citada e “reduzida” lista de calamidades morais que assolam o mundo, vemos como o pensamento aristotélico está tão presente no inconsciente coletivo dos autores dos escândalos morais de hoje, como ontem... muito mais do que podemos imaginar... 

Mais uma certeza de que a nossa esperança e idealismo, que são postos à prova diariamente, não podem morrer.

Quem ganhará neste embate? Acredito que sejamos nós, os que acreditam em uma sociedade igualitária. Afinal (ainda) sou idealista, e sei que há muitos como eu espalhados pelo mundo... idealistas ativos, que pensam, agem e lutam por realizar um trabalho honesto e de valor para a sociedade em que se inserem...  pessoalmente conheço um número imenso deles!!!

Fico por hoje, pois minha alma pede paz...

Até à "parte 2", se ainda tiveres paciência com minhas divagações...

Se não, até breve, pois estamos ainda nessa estrada da vida!

1 comentário:

  1. Acho que ter nascido nos anos 60 fez de nós essas sociais idealistas.
    Convivemos com a ditadura militar, nascemos em subúrbio e tantas experiências...mas sobrevivemos.
    E só Aristóteles pra aguentar nossas filosofias de vida!

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