2013-07-25

ATÉ ONDE NOS DEIXAMOS ENGANAR?


Em uma série famosa americana, um médico afirma que todos os pacientes mentem... Se analizarmos tudo o que nos chega pelos meios de comunicação, nem sempre é possível "separar o joio do trigo". É preciso usar o nosso discernimento através do uso do bom senso, lógica e razão, para não nos iludirmos. A emoção não deve entrar nesse contexto, que não é o mesmo que sentimentos: a emoção muitas vezes nos cega e engana!

Quando meus filhos eram pequenos, constantemente me chamavam para ver uma notícia ou um comercial, que afirmava mentiras e eles acreditavam porque 'o moço disse'... e quando eu dizia que as suas palavras ou a imagem não eram verdadeiras, eu sempre via seus olhares perplexos e ouvia a mesma pergunta: "por que eles mentiram?". Dai para diante, até amadurecerem um pouco mais, sempre nos perguntavam: 'é verdade, mãe?'.

Todo bom orador precisa ter Empatia que, no sentido léxico, é  a capacidade de se identificar com outra pessoa, de sentir o que ela sente, de querer o que ela quer, de apreender do modo como ela apreende, etc.

Empatia nada tem a ver com sinceridade ou com verdade. O que inspira o homem usar sua capacidade de empatia para com seu semelhante é o seu caráter. A história está repleta de grandes gênios, filósofos, políticos e religiosos que trouxeram as luzes de novas ideias, ou a escuridão da ignorância, da intolerância ou da alienação.

E a tecnologia da comunicação passou a ser a grande ferramenta da disseminação de ideias e de comportamentos. Todas os poderosos sob o ponto de vista político, econômico e/ou religioso vem ampliando sua esfera de influência por essa tecnologia.

Já não podemos mais nos enganar por boas aparências, títulos ou nomes: é preciso haver conteúdo. Concluíndo, é preciso que a mensagem esteja aliada ao exemplo!

Se um político tem empatia, ele pode levar o povo ao progresso ou ao desequilíbrio - um exemplo é  Hitler e Churchill, ambos contemporâneos, que usaram as trnsmissões radiofônicas para falar ao povo. Ambos possuíam empatia. Ambos eram seguidos e idolatrados pelo povo, mas tinham objetivos diametralmente diversos.

O que nos falta ainda é aprender a não nos atermos à imagem, mas sim ao conteúdo - dizem que Hitler magnetizava o povo com seus discursos, mesmo sem conteúdo...

O amadurecimento da humanidade ainda está distante, mas ela não é coletiva: é individual. Quando as individualidades amadurecem, a sociedade muda.

Ouvi pessoas dizerem que votaram em um determinado político porque 'era bonito'; ou que são fãs de alguém famoso 'porque é uma pessoa tão boa', pelo que se comenta na mídia; ou que se emocionaram com um religioso 'por ele ter nome de santo de devoção', 'por falar palavras bonitas'... Devemos estar atentos se estamos querendo ser enganados, criando esteriótipos, ou sermos esclarecidos.

Filosofias e religiões já existem suficentemente para atender nossa necessidade humana e religiosa. Falta o exemplo.

A teconologia aproximou o homem e reduziu as distâncias físicas, tornando mais transparente os fatos, pela velocidade de divulgação. Falta avaliar o conteúdo.

Hoje o Brasil e o Rio de janeiro respiram em função da visita do representante religioso da igreja católica romana, que é o reprentante político de um país sem democracia, e que não é mais a religião dominante, mas de parte da população. A cidade parou literalmente!

Amanhã será de uma copa e de uma olimpíada, e novamente ver-se-á o 'Brasil parar' para atender ao esporte ou ao turismo ou a uma crença religiosa. Um país não pode viver aos solavancos.

Lembro que um ano foi o 'ano-dos-feriados', seguido pelo ano das eleições e depois da copa/olimpíadas: tudo era motivo para "enforcar" o trabalho, enforcando o país!

Há coisas muito mais urgentes que feriados prolongados, grandes solenidades, espetáculos ou discursos, via satélite. São elas a pobreza, a violência e a ignorância que não precisa da mídia ou de efeitos especiais, pois está alí, aos nossos pés, em qualquer esquina.

A crise é seria e cada um de nós precisa se responsabilizar pela sua parcela de trabalho ou de alienação nesse latifúndio!



2013-07-17

APRENDIZADO PELA CRISE II

(continuação do texto de 03/07)

É fato, e não ha como negar: a Grécia está em crise... Portugal está em crise... a Europa está em crise... o Brasil está em crise: o mundo todo está em crise, mesmo os países considerados ricos e abastados.  

Mas o que é "CRISE"? As várias visões socioeconômicas já apresentam explicações ao excesso, por todos os noticiários, por profissionais devidamente qualificados (muito mais do que eu) ou ne tanto, onde se analisa, identifica causas, diagnostica consequências e enfim prescreve uma 'bula' mágica de sucesso.

Dependendo da latitude e/ou longitude, a seriedade com que se enfrenta uma crise é bem diversa. É um paradoxo, mas o Brasil viveu e vive tantos tipos de 'crises', cada uma delas passou a ser considerada fato 'normal', quase cultural... Exceção para os movimentos sociais atuais: acredito que o povo cansou!

2013-07-03

APRENDIZADO PELA CRISE I


Há muito que gostaria de conversar um pouco sobre as mudanças que acontecem ao meu redor. Às vezes falta-me tempo, ou inspiração, ou outra preocupação paralela. Ou ainda não é o momento de ocupar seu tempo... 

Tenho percebido cada vez mais a riqueza que é a nossa vida diária, com tantas experiências e aprendizados. E não é somente uma questão pessoal da mudança de uma cidade ou país, mas é principalmente dentro da rotina diária que essas singularidade e valor acontecem, por onde costumamos transitar durante anos de nossa vida  sem darmos-nos conta. Muitas vezes são precisos vários períodos de existência para poder olhar para trás e perceber as mudanças, as bagagens e história de vida que construímos. 

A vida é uma constante transitoriedade e mutação. Nada é definitivo. Nada está sob o nosso controle rígido, tanto isso é verdade que nem sempre alcançamos o resultado desejado. Tudo é uma grande metamorfose contínua, onde tiramos nossa 'velha' casca, mudando e evoluindo diariamente. Basta sabermos 'guardar' muita esperança e otimismo dos períodos positivos, para compensar a carência nos negativos. Seja esse 'guardar' um aspecto material ou emocional. Ou ambos! E ao final de um ciclo completo, poder aprender a lição que este nos deseja ensinar!

Ciclos, períodos... Durante a universidade (e lá se vão umas poucas décadas), surgiu um programa (algorítimo) que calculava o biorritmo da vida, sob 3 aspectos: saúde, emocional e profissional. Cada um desses aspectos possuíam um comportamento senoidal, mas as três senoides estavam sempre defasadas, em diferentes ciclos. Traduzindo: as 3 ondas tinham uma forma ondulatória de uma senoide  com períodos positivo e negativo (altos e baixos) formando um ciclo completo e que se repetiam indefinidamente. Mas as 3 ondas não 'caminhavam' juntas: a saúde podia estar positiva mas a profissional estar negativa, p. ex. Em uma determinada época sempre havia pelo menos uma delas transitando no semiciclo negativo.


A figura acima representa um pouco dessa teoria. Não sei se ela possui alguma fundamentação científica (ou é mais uma forma de iludir) mas ao refletir-se sobre nossa história individual, percebe-se que a vida são ciclos que se repetem. E, apesar dessa repetição, nossa bagagem está sempre a mudar, somos capazes de amadurecer, rompendo barreiras antigas se assim o desejarmos.

Mesmo quando recusando-nos a mudar, quando a 'teimosia' é grande, 'mais-dia-ou-menos-dia essa situação de autoimobilização passa, e damos um passo á frente. É verdade: a recusa já é um sinal de mudança, uma transição, um pequeno passo...

"A vida está difícil". Essa frase pode ficar mais completa: "A vida não é difícil, ela está difícil". O verbo "estar" significa uma transitoriedade natural e imanente da vida. Há uma frase que minha mãe costumava dizer: "Não há bem que sempre dure, nem mal que nunca se acabe"

A primeira parte dessa frase pode parecer negativa - Não há bem que sempre dure - nossa, isso nos diz que a felicidade terminará!!!... Mas a 2ª parte trás um conforto imenso: nem mal que nunca se acabe

Isoladas, essas partes traduzem pessimismo (1ª parte) ou otimismo (2ª parte). Juntas, somadas, elas representam o equilíbrio da vida, ora positivo, depois negativo, e novamente positivo... e por ai vai. Ciclos que se repetem, mas sempre com novas experiências, em equilíbrio com tudo que nos cerca.

É nesse momento que surge um elemento novo nessa equação, a FÉ; e com as suas duas vertentes: a fé humana e a fé divina. Todos nós as possuímos, faltando talvez usar essas forças a nosso favor. A fé humana é consciência  que o homem  possui de suas potencialidades e, aplicando a sua vontade, empenha-se em realizar uma determinada ação para alcançar um fim almejado. A fé divina é a consciência da finitude dessas potencialidades de que somos dotados, passando a depositar mais confiança em Deus que nós mesmos. É em suma, reconhecermo-nos humanos e falíveis, um exercício importante e necessário de humildade perante o Senhor da Vida

Quando acreditamos apenas na fé humana, nossos atos  traduzem presunção e orgulho. Quando acreditamos apenas na fé divina, nossos atos  traduzem fanatismo e acomodação. 

Desenvolvendo a nossa Fé humana e divina, nossos atos  traduzem confiança em Deus e amor ao próximo, pois não há fé sem caridade,não é possível alcançar a felicidade almejada, se ela for fruto do sofrimento de outrem. Quando essas preocupações tornam-se o foco de nossas ações, os resultados alcançados traduzem-se em boas obras, em solidariedade, ética e responsabilidade. Acreditando em nós e na ajuda divina, nunca nos sentiremos desamparados.

E é neste momento de crise em todos os cantos do planeta, de todas as formas possíveis, é que vemos a nossa Fé ser colocada à prova!

Se estamos pessimistas, achando que tudo irá piorar, estamos negando nossa filiação DIVINA. Que pai daria uma serpente a um filho? Será que cada pai e mãe da humanidade é melhor' pai' que Deus? Será que só nós é que sabemos o que nos é melhor? Será que Deus está 'ocupado' e nos deixou no caos???? É querido amigo, quando esse é o nosso discurso, infelizmente o diagnóstico é de que somos materialista, por mais espiritualistas que nos esforçando em externar, independente de crença.

Por que não fazer-se um exercício, invertendo nosso ponto de vista (que é sempre parcial!): já que sempre há algo difícil acontecendo em nossas vidas, será que essa dificuldade tem algo a nos ensinar?  Quando não alcançamos o que queremos, será que ELE está nos sinalizando que precisamos nos aperfeiçoar em outra direção ou potencialidade? 

Quem não gosta de chocolates e um bom doce?  Mas você daria todo o chocolate que uma criança quisesse comer, no horário das refeições? Ou ainda, não levaria uma criança à escola porque 'lá é chato'; ou no hospital para tomar vacina, porque 'dói'? Claro que não, um adulto tem condições de entender isso, mas a criança não: ela vai achar que somos maus ou que não a amamos suficientemente. 

E nós, será que não estamos neste momento orando como crianças à Deus, pedindo-lhe que "dá-nos hoje o chocolate nosso de cada dia" e "livre-nos de ir à escola, que é chata, e tomar vacina, que dói"? Independente da idade que temos, não gostamos de ser contrariados em nossos desejos, muito menos de nos sentirmos prejudicados... E ai começa a nossa 'mal-criação' com Deus, murmurando, reclamando, mostrando-nos mais infeliz do que realmente somos, e mais prejudicados do que é verdade, etc. E a culpa disso tudo passa a ser, claro, ... de Deus!  

"O que fiz para merecer...."; "Isso é uma injustiça!".... e por ai vai os murmúrios, verbais ou mentais! 

É preciso refletirmos e conectar as peças do 'quebra-cabeça' (puzzle) de nossa vida: cada não que achamos que a vida nos dá, é na verdade um 'agora não' ou talvez um 'você precisa tomar esse remédio amargo para se curar'. Cada sim e cada não são respostas de ajuda da Providência Divina, ajudando-nos no aprendizado e evitando um mal maior, a nossa ruína moral.

Pesquisei links há bastante tempo atrás, de um site português (em grego seria mais difícil, claro), mas ainda atuais sobre a crise na Europa. Os dois primeiros links  onde podemos assistir um aspecto da crise que abala o mundo. O 3º mostra a variação monetária do salário mínimo na Europa:


Não há como comparar-se aqui o custo de vida entre os países, mas é possível ver a queda provocada pela crise no salário mínimo em alguns países da Europa (não entrou a Alemanha e a Itália, por não possuírem salário mínimo).  

O salário mínimo na Europa representa o "mínimo" para uma família de 4 pessoas precisam para viver. Percebe-se claramente que a Grécia sofreu significativamente com a crise, como também a Inglaterra, mesmo usando ao libra esterlina. Mas Espanha e Portugal estão em situação delicadíssima.

Essas notícias nos lembra que precisamos repensar nossa forma de vida e até os desperdícios de que nos habituamos em períodos mais abastados.

A crise nos traz uma grande lição esquecida: a de que temos de viver de acordo com os tempos, e não com os nossos hábitos antigos ou o nosso salário atual.

Há uma passagem do antigo testamento onde um escravo israelita interpretou o sonho do faraó que profetizava 7 anos de fartura e 7 de carência... É, não há bem que nunca dure, nem mal que nunca se acabe. Se não nos sabemos viver com pouco, mesmo no muito, como conseguiremos viver com pouco quando a carência nos assaltar? Se hoje temos emprego e renda fixas, a  história nos ensina que amanhã essa balança pode se alterar e o muito tornar-se pouco. 

Precisamos reconhecer que vivemos em grande fartura, frente a toda essa população sofrida e carente. E isso é um exemplo na Europa, mas e na África, América Latina, Ásia... o Brasil, que se recebe bem menos como salário 'mínimo' (uma utopia), infelizmente o custo de vida é muito mais caro que aqui. Somente ao conhecer o dia-a-dia dos países é que se pode perceber as diferenças: não há apenas pobreza no mundo, há miséria em todos os sentidos.

Precisamos mudar nosso olhar de pessimista para otimista, se queremos realmente mudar para melhor o mundo. E esse começo começa em nós!*


(*continua na próxima publicação)