Há muito que gostaria de conversar um pouco sobre as mudanças que acontecem ao meu redor. Às vezes falta-me tempo, ou inspiração,
ou outra preocupação paralela. Ou ainda não é o momento de ocupar seu
tempo...
Tenho percebido cada vez mais a riqueza
que é a nossa vida diária, com tantas experiências e aprendizados. E não é
somente uma questão pessoal da mudança de uma cidade ou país, mas é
principalmente dentro da rotina diária que essas singularidade e valor acontecem,
por onde costumamos transitar durante anos de nossa vida sem darmos-nos
conta. Muitas vezes são precisos vários períodos de existência para poder olhar
para trás e perceber as mudanças, as bagagens e história de vida
que construímos.
A vida é uma constante transitoriedade
e mutação. Nada é definitivo. Nada está sob o nosso controle rígido, tanto isso
é verdade que nem sempre alcançamos o resultado desejado. Tudo é uma
grande metamorfose contínua, onde tiramos nossa 'velha' casca, mudando e evoluindo diariamente.
Basta sabermos 'guardar' muita esperança e otimismo dos períodos positivos,
para compensar a carência nos negativos. Seja esse 'guardar' um aspecto
material ou emocional. Ou ambos! E ao final de um ciclo completo, poder
aprender a lição que este nos deseja ensinar!
Ciclos, períodos... Durante a
universidade (e lá se vão umas poucas décadas), surgiu um programa (algorítimo)
que calculava o biorritmo da vida, sob 3 aspectos: saúde, emocional e
profissional. Cada um desses aspectos possuíam um comportamento senoidal, mas
as três senoides estavam sempre defasadas, em diferentes
ciclos. Traduzindo: as 3 ondas tinham uma forma ondulatória de uma senoide
com períodos positivo e negativo (altos e baixos) formando um ciclo completo e
que se repetiam indefinidamente. Mas as 3 ondas não 'caminhavam' juntas: a
saúde podia estar positiva mas a profissional estar negativa, p. ex. Em uma
determinada época sempre havia pelo menos uma delas transitando no semiciclo
negativo.
A figura acima representa um pouco dessa teoria. Não sei se ela possui alguma fundamentação científica (ou é mais uma forma de iludir) mas ao refletir-se sobre nossa
história individual, percebe-se que a vida são ciclos que se repetem. E, apesar
dessa repetição, nossa bagagem está sempre a mudar, somos capazes de
amadurecer, rompendo barreiras antigas se assim o desejarmos.
Mesmo quando recusando-nos a mudar, quando
a 'teimosia' é grande, 'mais-dia-ou-menos-dia essa situação de autoimobilização
passa, e damos um passo á frente. É verdade: a recusa já é um sinal de mudança,
uma transição, um pequeno passo...
"A vida está difícil".
Essa frase pode ficar mais completa: "A vida não é difícil,
ela está difícil". O verbo "estar"
significa uma transitoriedade natural e imanente da vida. Há uma frase que
minha mãe costumava dizer: "Não há bem que sempre dure, nem mal
que nunca se acabe"
A primeira parte dessa frase pode
parecer negativa - Não há bem que sempre dure - nossa, isso
nos diz que a felicidade terminará!!!... Mas a 2ª parte trás um conforto
imenso: nem mal que nunca se acabe.
Isoladas, essas partes traduzem
pessimismo (1ª parte) ou otimismo (2ª parte). Juntas,
somadas, elas representam o equilíbrio da vida, ora positivo, depois negativo,
e novamente positivo... e por ai vai. Ciclos que se repetem, mas sempre
com novas experiências, em equilíbrio com tudo que nos cerca.
É nesse momento que surge um elemento
novo nessa equação, a FÉ; e com as suas duas vertentes: a fé humana e a fé
divina. Todos nós as possuímos, faltando talvez usar essas forças a nosso favor.
A fé humana é consciência que o homem possui de suas
potencialidades e, aplicando a sua vontade, empenha-se em realizar
uma determinada ação para alcançar um fim almejado. A fé divina é a consciência
da finitude dessas potencialidades de que somos dotados,
passando a depositar mais confiança em Deus que nós mesmos. É em suma,
reconhecermo-nos humanos e falíveis, um exercício importante e necessário
de humildade perante o Senhor da Vida
Quando acreditamos apenas na fé humana,
nossos atos traduzem presunção e orgulho. Quando acreditamos apenas
na fé divina, nossos atos traduzem fanatismo e acomodação.
Desenvolvendo a nossa Fé humana e
divina, nossos atos traduzem confiança em Deus e amor ao próximo,
pois não há fé sem caridade,não é possível alcançar a felicidade almejada, se
ela for fruto do sofrimento de outrem. Quando essas preocupações tornam-se o
foco de nossas ações, os resultados alcançados traduzem-se em boas obras, em
solidariedade, ética e responsabilidade. Acreditando em nós e na ajuda
divina, nunca nos sentiremos desamparados.
E é neste momento de crise em todos os
cantos do planeta, de todas as formas possíveis, é que vemos a nossa Fé ser
colocada à prova!
Se estamos pessimistas, achando que
tudo irá piorar, estamos negando nossa filiação DIVINA. Que pai
daria uma serpente a um filho? Será que cada pai e mãe da humanidade é
melhor' pai' que Deus? Será que só nós é que sabemos o que nos é melhor?
Será que Deus está 'ocupado' e nos deixou no caos???? É querido amigo, quando
esse é o nosso discurso, infelizmente o diagnóstico é de que somos
materialista, por mais espiritualistas que nos esforçando em externar,
independente de crença.
Por que não fazer-se um exercício, invertendo
nosso ponto de vista (que é sempre parcial!): já que sempre há algo difícil
acontecendo em nossas vidas, será que essa dificuldade tem algo a nos ensinar?
Quando não alcançamos o que queremos, será que ELE está nos sinalizando
que precisamos nos aperfeiçoar em outra direção ou potencialidade?
Quem não gosta de chocolates e um
bom doce? Mas você daria todo o chocolate que uma
criança quisesse comer, no horário das refeições? Ou ainda, não
levaria uma criança à escola porque 'lá é chato'; ou no hospital para tomar
vacina, porque 'dói'? Claro que não, um adulto tem condições de entender
isso, mas a criança não: ela vai achar que somos maus ou que não a amamos
suficientemente.
E nós, será que não estamos neste
momento orando como crianças à Deus, pedindo-lhe que "dá-nos hoje o chocolate
nosso de cada dia" e "livre-nos de ir à escola, que é
chata, e tomar vacina, que dói"? Independente da idade que temos,
não gostamos de ser contrariados em nossos desejos, muito menos de nos
sentirmos prejudicados... E ai começa a nossa 'mal-criação' com Deus, murmurando,
reclamando, mostrando-nos mais infeliz do que realmente somos, e mais
prejudicados do que é verdade, etc. E a culpa disso tudo passa a ser, claro,
... de Deus!
"O que fiz para merecer....";
"Isso é uma injustiça!".... e por ai vai os murmúrios, verbais ou
mentais!
É preciso refletirmos e conectar as
peças do 'quebra-cabeça' (puzzle) de nossa vida: cada não que
achamos que a vida nos dá, é na verdade um 'agora não' ou talvez
um 'você precisa tomar esse remédio amargo para se curar'. Cada sim e
cada não são respostas de ajuda da Providência Divina,
ajudando-nos no aprendizado e evitando um mal maior, a nossa ruína moral.
Pesquisei links há bastante tempo atrás, de um site português (em grego seria mais difícil, claro), mas ainda atuais sobre a crise na Europa. Os dois primeiros links onde podemos assistir um aspecto
da crise que abala o mundo. O 3º mostra a variação monetária do salário mínimo
na Europa:
http://www.rtp.pt/noticias/index.php?article=606685&tm=8&layout=122&visual=61 (restauração - associação de restaurantes)
http://www.rtp.pt/noticias/index.php?article=606686&tm=6&layout=122&visual=61- (cabazes significa cestas básicas)
Não há como comparar-se aqui o custo de
vida entre os países, mas é possível ver a queda provocada pela crise no
salário mínimo em alguns países da Europa (não entrou a Alemanha e a Itália,
por não possuírem salário mínimo).
O salário mínimo na Europa representa o
"mínimo" para uma família de 4 pessoas precisam para viver.
Percebe-se claramente que a Grécia sofreu significativamente com a crise, como
também a Inglaterra, mesmo usando ao libra esterlina. Mas Espanha e
Portugal estão em situação delicadíssima.
Essas notícias nos lembra que
precisamos repensar nossa forma de vida e até os desperdícios de que nos
habituamos em períodos mais abastados.
A crise nos traz uma grande lição
esquecida: a de que temos de viver de acordo com os tempos, e não com os
nossos hábitos antigos ou o nosso salário atual.
Há uma passagem do antigo testamento
onde um escravo israelita interpretou o sonho do faraó que profetizava 7 anos
de fartura e 7 de carência... É, não há bem que nunca dure, nem mal que
nunca se acabe. Se não nos sabemos viver com pouco, mesmo no muito, como
conseguiremos viver com pouco quando a carência nos assaltar? Se hoje
temos emprego e renda fixas, a história nos ensina que amanhã essa
balança pode se alterar e o muito tornar-se pouco.
Precisamos reconhecer que vivemos em
grande fartura, frente a toda essa população sofrida e carente. E isso é um
exemplo na Europa, mas e na África, América Latina, Ásia... o Brasil, que se
recebe bem menos como salário 'mínimo' (uma utopia), infelizmente o custo
de vida é muito mais caro que aqui. Somente ao conhecer o dia-a-dia dos
países é que se pode perceber as diferenças: não há apenas pobreza no mundo, há
miséria em todos os sentidos.
Precisamos mudar nosso olhar de
pessimista para otimista, se queremos realmente mudar para melhor o mundo. E
esse começo começa em nós!*
(*continua na próxima publicação)
Mensagem de Antonio M., por e-mail:
ResponderEliminarSobre a mensagem do blog, tenho um princípio que se assemelha a tua
narrativa (vamos chamar de narrativa, pois assim se parece algo historiográfico). "A vida nada mais é que uma senoide". Ela é cíclica.
A área superior da linha divisória representa um superavit energético;
a área inferior um deficit energético. Quanto maior a amplitude da senoide, maior será o sucesso e a desgraça. Quanto menor, menos
sucesso e menos desgraça. O importante da vida é trabalhar num ponto médio dessa amplitude. Se o ser humano ao trafegar acima da linha divisória guardar parte desse superavit energético com certeza ela atravessará melhor a sua passagem por baixo da linha divisória. O sucesso não será tanto, porém a desgraça estará mais contida.
Para terminar tenho outro princípio da vida que me ajuda bastante: "A
vida nada mais é que um balcão. Depende de que lado você está, ora
cobrando, ora sendo cobrado" Aquele que consegue se colocar nos dois
lados, com certeza terá uma visão ampliada da vida.